segunda-feira, 21 de julho de 2008

Ao maestro com carinho! Waltel Branco!

Waltel, é um dos mais célebres músicos anônimos do país. Reconhecidamente um dos maiores gênios da musica brasileira e internacional.
A magnífica história e feitos desse cara é longa, mas compensa a leitura.

Nasceu em Paranaguá em 22 de novembro de 1929. Seu primeiro professor foi o pai Ismael Helmuth Scholtz Branco, saxofonista e clarinetista. Uma gravação com o acordeonista italiano Cláudio Todisco, nos estúdios da Odeon, permitiu-lhe conhecer o maestro Radamés Gnatalli. Não levou muito tempo para ser convocado para tocar com o mestre. Depois, passou a ter aulas de regência com dois outros maestros históricos, Alceu Bocchino e Mário Tavares. Conseguiu ser o maestro que ensaiou a orquestra nos concertos de Stranvinsky no Rio de Janeiro. Aos 20 anos, rumou para Illinois, EUA, atrás de aulas com o guitarrista Sal Salvador, que tocava com Nat King Cole. Dava aulas de violão clássico para sustentar o aprendizado de jazz. Chegou a tocar em um trio com Nat King Cole, além de ter produzido o disco de seu irmão Fred Cole e, mais tarde, o de Natalie Cole, filha de Nat. Depois, participou de um trio com o baterista Chico Hamilton. Nesse período, conheceu Peggy Lee, cantora que se casou com o maestro Quincy Jones. Waltel se casou com a irmã de Peggy, Lede Saint-Clair Branco, tornando-se, por força do casamento, co-cunhado de Quincy Jones. Com ele tocou muito jazz e música clássica e conheceu o maestro Henry Mancini. Na época, Mancini promovera uma revolução nos direitos autorais. Até então, os direitos eram todos dos estúdios. Quando sobreveio a crise dos estúdios, aceitou fazer trilhas sonoras para a nova produção, com a condição de ser o titular dos direitos. Estourou na primeira trilha, para o seriado de TV "Peter Gunn". Ao lado de outros pioneiros, como o argentino Lallo Schiffrin, montou um escritório para atender à nova demanda. Assim que ouviu nosso Waltel tocar, contratou-o. E foi nessa condição que Waltel tornou-se o arranjador de uma das mais famosas trilhas sonoras da história do cinema, do filme "A Pantera Cor de Rosa". De volta ao Rio, Waltel pegou o início da bossa nova. Fez todos os arranjos do "Chega de Saudades", de João Gilberto, seguindo o método peculiar do violonista. João Gilberto o chamava, mostrava a harmonia que desenvolvera ao violão, e Waltel a seguia para o arranjo, como se cada instrumento seguisse uma corda. Depois gravou dois discos solos, "Guitarra em Chamas 1 e 2", tendo como acompanhador o violão de Baden Powell. Em 1963, nos EUA, conheceu o jornalista Roberto Marinho, que o convidou a ser crítico musical do jornal "O Globo". Quando foi constituída a TV Globo, Waltel foi contratado, indo compor um time de primeiríssima, com Radamés Gnatalli, Guerra Peixe e Guio de Moraes. Compôs e dirigiu as trilhas sonoras, entre outras, de "O Bem Amado", "Roque Santeiro" e "Morte e Vida Severina". Tempos depois, o chileno Zamacois, que ele conhecera em seus tempos no seminário de Curitiba, convidou-o a ir para a Espanha. Lá, estudou mais harmonia e técnicas de violão, venceu o concurso da Rádio Difusora Francesa e, como prêmio, ganhou uma bolsa para estudar com Andrés Segóvia, o maior violonista clássico do século. Fã de Segóvia, que tocava desde criança, Waltel se lembrava de peças das quais o próprio mestre se esquecera. Em vez de aulas, passou a tocar junto com Segovia. Tempos atrás, seu amigo Fidel Castro ficou chateado com o "Buena Vista Social Club" de Win Winders, por suas distorções musicais, e incumbiu o maestro Leo Brower (adido cultural da diplomacia cubana e o compositor para violão clássico mais prestigiado da atualidade) de providenciar uma nova versão, mais autêntica. Quem Brower convoca para a empreitada? Entre outros, Waltel Branco.
Waltel é uma figura ímpar a ser redescoberta, um músico que teve uma importância internacional e que hoje, vive nas margens do anonimato.
Além disso, Waltel foi responsável por boa parte das trilhas sonoras de novelas da Rede Globo da década de 70, trilhas como "O Bem Amado", "O Cafona”, "A Escrava Izaura”, "Carinhoso”, “Os Ossos Do Barão”, enfim, são muitas. Ele deu aulas de violão pra Baden Powell, foi uma forte influência na bossa nova e também um dos responsáveis a impulsionar a carreira de Djavan que externa sua gratidão pelo mestre até hoje. Estou citando somente algumas coisas, senão teria que ficar o dia inteiro relatando as peripécias e feitos de Waltel.
Seguem abaixo alguns discos de Waltel.
É muito difícil achar discos do cara, mas vou postando à medida que for encontrando.

1962 – Mancini Também é Samba
Um excelente disco este álbum de "samba-jazz" lançado em 1962, idealizado quando Waltel estava trabalhando com Henry Mancini na concepção dos arranjos da trilha sonora do filme "A Pantera Cor-De-Rosa".
Waltel teve a idéia de formatar os temas do Mancini a um estilo bem particular e próprio, no ano seguinte pediu para o Mancini liberar os temas, em seguida convidou os melhores músicos brasileiros daquela época e o resultado está ai para ser conferido. E que time que foi escolhido!!! Dom Salvador, J.T. Meirelles, Ed Maciel, Astor Silva, Vitor Manga, só a nata de instrumentistas da época.
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1970 - Assim na Terra Como no Ceu
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1975 – Meu Balanço
Waltel tinha acabado de gravar um disco com Roberto Carlos e como tudo foi rápido, sobraram algumas horas de estúdio a serem usadas, o produtor pergunta se Waltel não quer fazer um disco com aquelas horas, ele aceita e é assim que nasce um dos melhores discos de Funk Brasileiro: "Meu Balanço". Segundo o próprio Waltel essa jóia foi concebida ali no calor da hora, simples assim, sim, simplesmente fenomenal, basta ouvir uma única vez que é inevitável não querer reouvi-lo.Quer ouvir?
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1976 - Recital
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1980 - Violão em Dois Estilos
Ao lado da grande vilonista Rosinha de Valença no último disco de sua carreira.
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